O presidente Donald Trump anunciou que, na terça-feira, imporá tarifas de 25% sobre os produtos importados do Canadá e do México, frustrando as esperanças de um acordo de última hora que poderia evitar uma guerra comercial com dois dos principais parceiros comerciais dos EUA.

Trump afirmou aos repórteres que “não há mais espaço para o México ou para o Canadá” negociarem uma alternativa às tarifas, que ele havia ameaçado impor nas últimas semanas.

“Está tudo pronto. Elas entram em vigor amanhã”, disse o presidente em um evento na Casa Branca na segunda-feira.

Os preços das ações despencaram após as declarações de Trump. O S&P 500 caiu 1,76%, seu pior desempenho desde dezembro, colocando o índice no vermelho no acumulado do ano.

Como fez anteriormente, Trump citou o fluxo do opioide mortal fentanyl como justificativa para as tarifas, aparentemente insatisfeito com os esforços recentes do Canadá e México para fortalecer a fiscalização em suas respectivas fronteiras.

“Para vocês entenderem, grandes quantidades de fentanyl entraram em nosso país do México e, como sabem, também da China, onde vai para o México e para o Canadá”, disse o presidente.

Além de anunciar que as tarifas sobre os dois vizinhos dos EUA entrariam em vigor na terça-feira, Trump também impôs, na segunda-feira, uma tarifa adicional de 10% sobre as importações chinesas, dobrando o imposto de 10% que ele já havia aplicado à China em fevereiro.

As tarifas são, essencialmente, impostos sobre bens estrangeiros pagos pelos importadores. Por isso, críticos alertam que as tarifas de Trump levarão ao aumento dos preços para os consumidores americanos.

Ainda assim, as tarifas continuam sendo a forma preferida de Trump para demonstrar o poderio dos EUA contra seus adversários e aliados.

O primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, afirmou que seu país imporá tarifas retaliatórias caso Trump siga com suas ameaças.

Ottawa, em fevereiro, afirmou estar preparado para aplicar tarifas de 25% sobre US$ 155 bilhões em bens dos EUA e preparou uma retaliação direcionada a produtos fabricados em estados liderados pelos republicanos.

A China anunciou medidas retaliatórias contra os EUA em fevereiro, quando a primeira rodada de tarifas de 10% de Trump contra Pequim entrou em vigor. A China prometeu contramedidas adicionais para lidar com a mais recente rodada de tarifas de Trump.

Desde que assumiu seu segundo mandato não consecutivo, Trump impôs uma tarifa de 25% sobre todas as importações de aço e alumínio para os EUA, além de tarifas sobre as importações chinesas.

Ele também revelou um plano para implementar “tarifas recíprocas” sobre outros países que impuserem tarifas sobre as importações dos EUA.

As declarações de Trump na segunda-feira ocorreram durante um evento em que ele promovia um investimento de US$ 100 bilhões nos EUA pela Taiwan Semiconductor Manufacturing.

Trump afirmou que, ao planejar construir novas fábricas de chips no Arizona, a empresa evitará ser atingida pelas tarifas de importação.

Ele advertiu o Canadá e o México a fazerem o mesmo.

“O que eles precisam fazer é construir suas fábricas de carros, francamente, e outras coisas nos Estados Unidos, caso contrário terão tarifas”, disse Trump.

As tarifas que entrariam em vigor na terça-feira sobre o Canadá e o México foram inicialmente ordenadas por Trump em uma ordem executiva em 1º de fevereiro.

No entanto, ele adiou as tarifas por um mês após esses países, em 3 de fevereiro, se comprometerem a tomar medidas para prevenir o tráfico de fentanyl através de suas fronteiras para os EUA.

O México afirmou que enviaria 10.000 soldados à fronteira com os EUA para combater operações de tráfico de drogas. E, na quinta-feira, o México extraditou 29 membros de cartéis de drogas para os EUA.

Porém, Trump, na semana passada, disse que as tarifas entrariam em vigor na terça-feira após se queixar de que as drogas ilícitas continuam “entrando em nosso país do México e do Canadá em níveis muito altos e inaceitáveis”.

Ainda assim, haviam dúvidas sobre se Trump seguiria com sua ameaça.

Mais cedo, na segunda-feira, o secretário de Comércio Howard Lutnick sugeriu que Trump poderia suavizar suas exigências de tarifas.

“Ele sabe que eles fizeram um bom trabalho na fronteira”, disse Lutnick em uma entrevista à CNN.

“Eles não fizeram o suficiente sobre o fentanyl. Vamos ver como o presidente vai pesar isso hoje”, disse Lutnick. “Vamos falar sobre isso o dia todo, e ele vai informar todo mundo amanhã sobre os planos.”

O Canadá destacou que a quantidade de fentanyl que chega aos EUA pela fronteira norte é apenas uma pequena fração do que chega através do México.

Cerca de 9.585 kg de fentanyl foram apreendidos na fronteira sudoeste dos EUA no ano fiscal de 2024, contra 19 kg apreendidos na fronteira canadense no mesmo período, de acordo com a Alfândega e Proteção de Fronteiras dos EUA.

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